segunda-feira, janeiro 29, 2007

Morte ao Bom Velhinho!

Queria ter publicado este desenho na época do Natal, mas aquelas duas últimas semanas de 2006 foram punks. Aí entrei em férias e só agora, no fim de janeiro, estou voltando pra botar a casa em dia. Anacrônico, intempestivo, desatualizado... chamem como quiserem (eu, colocando os termos no plural, logicamente presumo que este blog tem mais de um leitor - o que não se justifica se levo em conta a "enxurrada" de comentários postados nos últimos meses), mas sempre é tempo de fazer uma criticazinha pertinente. O Natal passou, mas esse velho barbudo ridículo vai voltar ano após ano. Li nestas férias, entre alguns outros livros, A República, do Platão. É chato que dói. Lembro de um dia ter elogiado o estilo do filósofo nos seus famosos diálogos, mas agora desconfio que só achava aquilo agradável por que os comparava aos textos do Aristóteles, esses sim, um bom motivo pra um memorável porre de cicuta. Buenas... mas o que interessa é que n'A República o Platão, dando voz a Sócrates, diz que não se deveria ensinar certas fábulas às crianças. Refere-se ele às histórias mitológicas de Homero e Hesíodo que descrevem toda a sorte de barbaridades a que os deuses se entregavam pra suportar o tédio de serem imortais (I guess). Na Cidade ideal de Platão os mitos deveriam se preocupar com questões éticas e morais. O que diria então o venerável Arístocles (nome verdadeiro do Platãozinho) se vivesse nos dias de hoje e topasse pela frente o Papai Noel, o Coelhinho da Páscoa, as figuras folclóricas locais e as importadas (vocês já viram como essa história de Halloween vem ganhando corpo?) que desfilam calendário a fora? É certo que o velho Noel nunca andou comendo os próprios filhos e tal, mas tá longe de ter alguma utilidade a sua figura patética a engambelar as criancinhas (hoje convertidos em verdadeiros consumistazinhos, assim como os seus paizinhos acefalozinhos). Ah, esse papo meu tá qualquer coisa e eu já estou pra lá de atrasado... Fica aí o desenho (que não tem nada a ver com a crítica, mas que eu queria publicar - o blog é meu e eu faço o que eu quiser).
Feliz 2007 pra todo mundo (eu quero, por favor).

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