quarta-feira, setembro 06, 2006

Amor e Foguetes

Love & Rockets saiu no Brasil no início dos anos 90, pela Record. Lamentavelmente, teve vida curta (acho que não saíram mais que 7 edições - 5 L&R e 2 Locas). Uma lástima mesmo, pois Love & Rockets foi simplesmente a melhor publicação de quadrinhos adultos alternativos que eu já vi. O universo destes chicanos, os Irmãos Gilbert e Jaime Hernández, é uma criação genial, um misto de cultura pop e literatura fantástica de muito boa qualidade.
O Jaime desenhava Love & Rockets, as histórias das punketes bissexuais Hopey e Maggie. O Gilbert, entre outras coisas, desenhava Crônicas de Palomar, o dia-a-dia de um vilarejo perdido em algum lugar da parte mais "cucaracha" dos EUA. Já vi gente dizendo que o cara é um misto de Jorge Amado com Garcia Márquez. Na boa... eu acho que é melhor do que isso, embora tenha lido um único livro do bahiano e tenha gostado muito de Cien Años de Soledad e Memorias de Mis Putas Tristes.
Não vou escrever mais sobre as histórias por que tô no trabalho e um bom comentário a respeito delas merece um texto mais elaborado, mas recomendo com veemência para quem gosta de quadrinhos e/ou literatura pop de qualidade que procure estas pouquíssimas edições que saíram por aqui.

4 comentários:

Anônimo disse...

Confessa, vocês homens têm uma queda por converter mulheres bissexuais em heteros, tanto quanto nós mulheres temos esperança que aquele cara mais sensível e arrumadinho não seja mesmo gay...

Anônimo disse...

Cien Años de Soledad e Memorias de Mis Putas Tristes! Tetéu, pára com isso. Já ouviu falar em língua portugesa?

Telmo disse...

Caro Emersinho... vá se catar! O Memórias... foi o primeiro livro que li em espanhol (valeu como estudo pro vestibular além do deleite com a leitura), por que não deveria botar o título do livro que li? E detalhe: esse livro me foi presenteado pela minha amiga Denise, que voltando de Buenos Aires, me apresentou a edição uns três meses antes de sair no Brasil. Suponha que saia um outro livro, agora, nesse instante, na Argentina e alguém me traga de presente. O livro poderia se chamar "Acerca de mi Corazón". E aí? Que título eu deveria colocar, na tua opinião? A tradução literal que eu faria? E se depois uma editora fizesse o que foi feito com o maravilhoso livro do Bioy Casares, "La Invención de Morel", que foi traduzido por aqui como "A Máquina Fantástica" e até hoje é assim? Tchê... usar as línguas para fins nobres não é afetação. Tá certo que eu não sei falar nenhuma delas... mas até aí, nada me impede de ir praticando.

Telmo disse...

Hum... andei pensando de ontem pra hoje e cheguei a conclusão que talvez seja afetação. Sou meio metido a besta mesmo. No ambiente acadêmico, onde precariamente circulo, é comum se falar de uma obra usando o título original e nos romances que leio também. Sempre lembro do "Rayuela" (Jogo da Amarelinha), do Cortázar e do trecho onde ele fala do "Die Verwirrungen des Zöglings Törless", do Robert Musil. Foi a primeira frase longa que aprendi em alemão. E bom, é isso... não sou o Cortázar (quem me dera) e não tem por que ficar dando uma de intelectual neste meu modesto blog. Sou menos de um décimo do intelectual que gostaria de ser (rs). Todavia, mantenho certas coisas que disse:
- Alguns livros não têm seus títulos vertidos pro português, vide o "On The Road", do Kerouac, e o "Bel Ami", do Maupassant. Isso bem poderia justificar que as traduções ficassem a critério dos leitores. Eu gostaria de ter na estante um "Brave New World", embora goste da sonoridade do título em português, ou um "Zuckerman's Unbound", ou um "The Sun Also Rises", esse sim, convenhamos, bem melhor que "O Sol Também se Levanta"
- Os livros poderiam ser como discos, dos quais não traduzimos os títulos. Imagina que horrível alguém dizer que seu disco preferido é o Clube dos Corações Solitários Sargento Pimenta! Ou alguém tentar uma tradução pra "I Should Coco", do Supergrass! Sem chance. Claro, são coisas diferentes. Discos a gente ouve e gosta, embora quase ninguém saiba o que, exatamente, estão dizendo as letras. É uma outra relação com a obra, eu sei.
- E fica o problema: como eu deveria me referir a um livro que ainda não recebeu título em português. Mas isso já é uma bobagem. Tô querendo incomodar (rs).

Buenas, tá feito o Mea Culpa. O afetado aqui espera que estas aspirações nobres o redimam um pouco de um ou outro deslize de afetação.