sexta-feira, julho 28, 2006

O Crespúsculo do Macho

E agora, tchê? Não tem mais bois pra laçar, não tem mais cavalo selvagem pra correr egüada, não tem mais chimangos ou maragatos... e o amargo... amargo.

Veterano - Leopoldo Rassier

Está findando meu tempo
A tarde encerra mais cedo
Meu ombro ficou pequeno
E eu sou menor do que penso
O bagual tá mais ligeiro
O braço fraqueja às vezes
Demoro mais do que quero
Mas alço a perna sem medo

Encilho cavalo manso
Mas boto laço nos tentos
Se a força falta no braço
Na coragem me sustento

Se lembro tempo de quebra
A vida volta prá atrás
Sou bagual que não se entrega
Assim, no mais

Se lembro tempo de quebra
A vida volta prá atrás
Sou bagual que não se entrega
Assim, no mais

Nas manhãs de primavera
Quando vou parar rodeio
Sou menino de alma leve
Voando sobre pelego
Cavalo do meu potreiro
Mete a cabeça no freio
Encilho no parapeito
Mas não ato nem maneio

Se desencilho pelego
Cai no banco onde me sento
Água quente e erva buena
Para matear em silêncio

Neste fogo onde me aquento
Removo as coisas que penso
Repasso o que tenho feito
Para ver o que mereço
Quando chegar meu inverno
Que me vem branqueando o cerro
Vai me encontrar venta aberta
De coração estreleiro

Mui carregado de sonhos
Que habitam o meu peito
E que irão morar comigo
No meu novo paradeiro

Um comentário:

Anônimo disse...

Vai ter q deixar a caça e ganhar a vida com a cabeça... :)